quinta-feira, 28 de outubro de 2010
NOSSA SENHORA DOS PRAZERES
No séc. XVIII, com o aval de D. João V, conseguiu-se para Portugal uma festa litúrgica de Nossa Senhora para cada mês do ano a nível nacional, entre elas a de N. Senhora dos Prazeres na 2ª-feira da Pascoela.
Nossa Senhora dos Prazeres é a mesma Nossa Senhora das Sete Alegrias, devoção de origem franciscana.
As maiores alegrias ou os maiores prazeres de Maria Santíssima, que foram enumerados por um noviço franciscano, são os seguintes: a anunciação do anjo, a saudação de Isabel, o nascimento de Jesus, a visita dos Reis Magos, o encontro com o Menino no templo, a primeira aparição do Ressuscitado e a sua coroação no céu.
A origem do título de Nossa Senhora dos Prazeres remonta ao séc. XIV e Portugal foi o primeiro país a festejar “os prazeres ou alegrias que a Virgem Santíssima sentia pela Ressurreição do seu Filho”.
Assim já em Julho de 1389 lançara S. Nuno de Santa Maria a primeira pedra da igreja e convento do Carmo em Lisboa, colocando uma das capelas laterais sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres. A festividade realizava-se a 8 de Abril ou na segunda feira da Pascoela já em 1480. Também é mencionada no Calendário da Sé de Lisboa em 1536.
O culto de Nossa Senhora dos Prazeres, desenvolveu-se sobretudo após o aparecimento de uma imagem na Quinta dos Condes da Ilha, sobre a antiga Ribeira de Alcântara em Lisboa. A imagem terá aparecido no dia em que a Igreja Lisbonense celebrava Nossa Senhora dos Prazeres. E a Virgem terá aparecido a uma inocente menina mandando-lhe comunicar a seus pais e vizinhos que desejava ter ali uma capela sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres. Os Condes da Ilha ofereceram o terreno e a ermida foi construída.
Em 1559, por ocasião da peste, também o povo fez um voto de realizar a procissão na segunda-feira de Pascoela, procissão que saía da Igreja de Santos e terminava na ermida de Nossa Senhora dos Prazeres. Era nesse dia que também que o povo ia “buscar as sestas” à capela, ou seja, começavam os operários a ter descanso desde o meio dia até às duas da tarde, sestas que terminavam a 8 de Setembro, dia da Natividade de Nossa Senhora.
O seu culto expandiu-se para todo o país a partir de Lisboa, onde em 1958, foi criada a freguesia de Nossa Senhora dos Prazeres e muito antes era já chamado de Nossa Senhora dos Prazeres, o cemitério que actualmente se chama dos Prazeres, que ainda hoje mantém a antiga capela e imagem de Nossa Senhora dos Prazeres.
No Soito, diz o Ti Eugénio, no seu livro “Baú da Memória – O Soito de Antigamente”, até aos anos 40 do século passado, a festa da Senhora da Granja era só ao Domingo.
Mesmo sendo segunda feira de pascoela feriado municipal, os lavradores não se sentiam obrigados a não trabalhar nesse dia e só com o desaparecimento da agricultura, com o aparecimento das fábricas, obrigadas a fechar no feriado municipal, nasce verdadeiramente a festa actual da Senhora da Granja, com o seu expoente máximo na 2ª feira.
Penso que também com esta extensão da festa para 2ª feira, a Senhora da Granja passa definitivamente a ser invocada de Senhora dos Prazeres.
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