Ruas do Soito e sua
evolução no sec. XIX
Através da análise dos Assentos de Óbitos do Soito entre
1860 e 1900 podemos reconstituir a evolução urbanística neste período.
Sabemos que o Soito dispunha de um “FORTE” ( Padre Hipólito-
in “Memórias Paroquiais” de 1758), em muito mau estado de conservação.
Desconhecemos se o referido “Forte” tinha apenas uma função militar ou, se além
desta, existiram também no seu interior casas e moradores. Desconheço também a
data da primeira numeração das casas.
Assim:
Ponto Um -
Entre os anos de 1860 e 1863 apenas faleceram
pessoas em casas numeradas da Rua Primeira, da Rua do Meio, da Rua Segunda e
da Rua Terceira.
NB. -O critério da primeira
numeração das casas parece ter sido o de começar a numeração pela Rua Primeira, terminando na
Rua Terceira de forma seguida; Posteriormente as novas casas iriam recebendo
números, continuando a numeração já existente, à medida que iam sendo
construídas e habitadas;
Nota – Ver em soitoimagens
-Falecimentos (A.O. dos anos de 1860 a
1863).
Ponto Dois -
Entre os anos de 1864 e 1875 o pároco apenas
regista nos assentos de óbito o numero da casa onde a pessoa
faleceu omitindo o nome da Rua.
Nota- Ver em soitoimagens -Falecimentos
(A.O. dos anos de 1864 a 1875).
Ponto Três -
Entre 1876 e 1890 o pároco da freguesia volta a
referir nos assentos de óbito o número da casa e a rua onde a pessoa faleceu,
surgindo novas Ruas.
Assim, neste período, faleceram pessoas na Rua
da Menieje,(casa onde morreu o pároco da freguesia-João António Monteiro),
Rua
do Pereiro, Rua da Fonte, Rua do Forte, Rua do Valle, Rua da Macieira, Rua do Aidro
(ou Adro), Rua do Meio, Rua do Poço, Rua da Carreira, Rua da Praça, Rua de São
Modesto, Rua do Canisso, Rua do Forno, Rua do Fundo (Lugar?), Rua da Veiga, Rua
da Misericórdia, Rua do Curro( ou Corro?) e Rua da Moreira.
Nota- Ver em soitoimagens- Falecimentos
(A.O. dos anos de 1876 a 1890).
NB. Neste período podemos concluir
que a Rua Primeira deu origem à Rua do Pereiro;
A Rua do Meio continuou e ainda hoje
existe com esse nome. Desapareceram as referências às Ruas Segunda
e Terceira, as quais seriam as Ruas que sobem a partir do Fundo Lugar
em direção à Igreja e desta em direção ao cemitério ou vice-versa. É de notar
que estas ruas (Primeira/Rua do Pereiro, Segunda e Terceira, correspondem
ao trajeto tradicional das procissões nas festividades religiosas, e
constituiriam o núcleo habitacional mais antigo do Soito, - excluindo o caso do
“
Forte” que pode muito bem ter sido um “Castro Lusitano” e o
núcleo primitivo da ocupação humana do lugar. Podemos concluir também que terá
sido na segunda metade do século XIX que se deu a grande expansão da freguesia construindo-se
casas em novas direções como a do Valle e a ocupação intensiva do Forte
onde nos aparece uma casa com o número 1200. É de referir, - conforme nos
revela o nosso ilustre Ti Carlos no seu Site Ticarlosnet- que em “1877.10.28
,uma Postura Municipal obrigava os proprietários a numerar as suas casas até 20
de Dezembro, sob pena de multa”.
Ponto Quatro -
Entre 1891 e 1900 o pároco passou a identificar
apenas o nome da Rua onde a pessoa faleceu omitindo o número da casa,
onde além das ruas referidas no ponto 3. se referem ainda casas na Rua do Cavacal, Rua do Espirito
Santo, Rua da Igreja e Rua de Santo Amaro.
Nota- Ver em soitoimagens- Falecimentos
(A.O. dos anos de 1891 a 1900).
NB. O TiCarlos refere no seu Site que –“Um
Decreto de 29 de Março de 1900 impunha a numeração das casas e a Postura
Municipal de 13 de Agosto, em cumprimento daquele Decreto, manda numerar as
casas do concelho em condições de serem habitáveis”.
Fevereiro de 2017
FAMM/ F. Carrilho