O tempo das matanças está a terminar, este acontece entre os meses de dezembro e fevereiro de cada ano, por vezes aproximando-se do carnaval.
Mas há aqueles que matam por duas vezes, sendo normalmente a primeira para talhar as carnes para o enchido e a segunda para encher a arca frigorífica para a mantença de grande parte do ano.
No dia marcado lá estava eu pela 9.00hrs a abrir o portão da sua casa em «Santamáro», a temperatura estava muito fria com um vento gélido de neve, talvez uns 3 ou 4 graus negativos apesar dos raios do sol espreitarem, mesmo assim, menos do que esteve de noite chegando aos 9 graus negativos. Os ajudantes chegavam uns após outros e quando o número já era suficiente para que os «recos» não fugissem, ouviu-se a exclamação da voz do dono, «vamos começar!». Deu-se então a saída dos «marranos», da cortelha para o curral.
Com o especialista da faca pontiaguda em punho e o habitué de alguidar e sal nas mãos, para recolher o sangue, num constante mexer sem deixar coalhar, para num repente o misturar com o pão dando lugar às famosas e deliciosas morcelas.Deitou-se o «cochino» no «banco de matar» e depois de bem seguro pagou a boa vida que até li tinha levado e muitas «viandas» comidas no «barranhão».
O filipe diz para o Zé Manuel, este «lisboeta percebe disto»
O Teresa explica ao Rui como se faz e o ti Fernando usa um instrumento que eu numca tinha visto nesta andanças, vejam bem: uma colher de pedreiro e não é que resultava mesmo!!!
Uns após outros, foram chamuscados, limpos, lavados e bem esfregados com pedaços de pedra de blocos de cimento, para quem não saiba, são um instrumento muito interessante para estas ocasiões, foram levados para a loja e pendurados pelo «chambaril» de madeira, por meio de uma corda, na cumeeira principal do soalho da casa.
Bem raspadinho, rapazes...
Depois de um pequeno convívio, regressamos para adiantar um pouco a «desmancha» do dia seguinte, enquanto outros foram a Espanha levar quatro presuntos para serem curados á moda espanhola e para nos aquecermos ao lume pois o frio apertava. Depois da ceia o convívio continuou com as cartas na mesa e mais tarde fomos retemperar forças pois era necessário levantar cedo para a dita «desmancha», havia muito corte a fazer apesar de termos lá um mestre cortador.
Aqui está o Ti Jeremias, que nem D. Juan
O ti João e o Ricardo parecem dizer, «pro ano cátamos»
É a hora dos «esbandulhar», e o Ricardo está a ver algo que não lhe agrada, mas lá terá que ser, e diz aos ajudantes: tabuleira para cá, vamos tirar o debulho.
O Teresa e o Pai tentam aprender, nunca é tarde diz o ti João
O João José é um bom ajudante mas como conversador é melhor ainda
O Teresa verifica se está bem seguro
O mestre ti Carlos faz os últimos reparos «ele que é também um mestre na desmancha»porque o que eu sei a ele o devo (com esta foto lhe faço a a devida homenagem)
A «desmancha» correu muito bem e com tudo ensacado e limpo era hora certa de almoço, não admira, com um ajudante como este amigo,ha!ha!!!!
As facas é ele que as aguça e que bem cortam, assim até parece fácil.
Aqui está o lume com o grande tacho do caldo das matanças e a famosa panela de ferro com a carne ou os ossos da suã
A Lizete, a ti Maria, a ti Maria Alice, a ti Mariana, e a ti Maria Luisa(que tá escondida) são uma máquina nos temperos e confeção dos enchidos.
«aqui fica a minha homenagem para elas»
Quem não conhece o sabor das morcelas cozidas depois tostadas ao lume?
E a tisabel tempera-as muito bem e são um regalo como entrada na refeição
Outros já estavam a assar as febras e a entremeada da faceira, meus senhores, que delicia!
Aqui estão os enchidos no fumeiro, que eram o sustento de muitas famílias no ano inteiro
Vejamos o video desta tradição
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