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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Matança em casa do meu Ti João e Tia Maria Augusta



O tempo das matanças está a terminar, este acontece entre os meses de dezembro e fevereiro de cada ano, por vezes aproximando-se do carnaval.
Mas há aqueles que matam por duas vezes, sendo normalmente a primeira para talhar as carnes para o enchido e a segunda para encher a arca frigorífica para a mantença de grande parte do ano
.


No dia marcado lá estava eu pela 9.00hrs a abrir o portão da sua casa em «Santamáro», a temperatura estava muito fria com um vento gélido de neve, talvez uns 3 ou 4 graus negativos apesar dos raios do sol espreitarem, mesmo assim, menos do que esteve de noite chegando aos 9 graus negativos. Os ajudantes chegavam uns após outros e quando o número já era suficiente para que os «recos» não fugissem, ouviu-se a exclamação da voz do dono, «vamos começar!». Deu-se então a saída dos «marranos», da cortelha para o curral.




Com o especialista da faca pontiaguda em punho e o habitué de alguidar e sal nas mãos, para recolher o sangue, num constante mexer sem deixar coalhar, para num repente o misturar com o pão dando lugar às famosas e deliciosas morcelas.Deitou-se o «cochino» no «banco de matar» e depois de bem seguro pagou a boa vida que até li tinha levado e muitas «viandas» comidas no «barranhão».


O filipe diz para o Zé Manuel, este «lisboeta percebe disto»



Era altura de os chamuscar, agora com o maçarico, antes era com tochas de palha



O Teresa explica ao Rui como se faz e o ti Fernando usa um instrumento que eu numca tinha visto nesta andanças, vejam bem: uma colher de pedreiro e não é que resultava mesmo!!!



Uns após outros, foram chamuscados, limpos, lavados e bem esfregados com pedaços de pedra de blocos de cimento, para quem não saiba, são um instrumento muito interessante para estas ocasiões, foram levados para a loja e pendurados pelo «chambaril» de madeira, por meio de uma corda, na cumeeira principal do soalho da casa.


Este era «porco preto» ou malhado


Bem raspadinho, rapazes...




Depois de um pequeno convívio, regressamos para adiantar um pouco a «desmancha» do dia seguinte, enquanto outros foram a Espanha levar quatro presuntos para serem curados á moda espanhola e para nos aquecermos ao lume pois o frio apertava. Depois da ceia o convívio continuou com as cartas na mesa e mais tarde fomos retemperar forças pois era necessário levantar cedo para a dita «desmancha», havia muito corte a fazer apesar de termos lá um mestre cortador.


Aqui está o Ti Jeremias, que nem D. Juan



O ti João e o Ricardo parecem dizer, «pro ano cátamos»



E o Manuel Augusto diz para o ti Carlos: «nem o cigarro nos aquece»



É a hora dos «esbandulhar», e o Ricardo está a ver algo que não lhe agrada, mas lá terá que ser, e diz aos ajudantes: tabuleira para cá, vamos tirar o debulho.


O Teresa e o Pai tentam aprender, nunca é tarde diz o ti João



O João José é um bom ajudante mas como conversador é melhor ainda




O Teresa verifica se está bem seguro



O mestre ti Carlos faz os últimos reparos «ele que é também um mestre na desmancha»porque o que eu sei a ele o devo (com esta foto lhe faço a a devida homenagem)



A «desmancha» correu muito bem e com tudo ensacado e limpo era hora certa de almoço, não admira, com um ajudante como este amigo,ha!ha!!!!



As facas é ele que as aguça e que bem cortam, assim até parece fácil.



Aqui está o lume com o grande tacho do caldo das matanças e a famosa panela de ferro com a carne ou os ossos da suã






A Lizete, a ti Maria, a ti Maria Alice, a ti Mariana, e a ti Maria Luisa(que tá escondida) são uma máquina nos temperos e confeção dos enchidos.

«aqui fica a minha homenagem para elas»




Quem não conhece o sabor das morcelas cozidas depois tostadas ao lume?

E a tisabel tempera-as muito bem e são um regalo como entrada na refeição




Outros já estavam a assar as febras e a entremeada da faceira, meus senhores, que delicia!



Aqui estão os enchidos no fumeiro, que eram o sustento de muitas famílias no ano inteiro


Vejamos o video desta tradição

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