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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FALANDO DE CRUZEIROS

Cruzeiro do Zé Pereira
A propósito do que aqui se escreveu sobre o cruzeiro do João dos Namoros, entendo dizer umas palavras para melhor compreensão do assunto.
Verifico que se está a fazer confusão entre o cruzeiro do João dos Namoros, situado no cruzamento do caminho que ia para a quelhe dos atoleiros, no lado oposto ao monumento de N. S de Fátim, junto ao caminho que do Soito vai para S. Gregório e Vila Boa, com o cruzeiro erigido em memória de José Pereira que se situa no cruzamento da estrada que vai do Soito para o Ozendo, com o caminho que vai para as Teixogueiras / Prado, seguindo para a Murganheira.
Quanto ao primeiro, nada mais tenho a dizer do que o que consta da lenda por todos conhecida.
A mim não me espanta nada que o João dos Namoros ali tenha sido devorado pelos lobos. Com efeito, até, pelo menos, aos anos vinte do século passado, a zona onde se situa o cruzeiro em causa, era altamente florestada por moitas e grandes soitos de castanheiros, que acoutavam muita caça e portanto lobos. Refería-me o meu Pai que ele ainda ajudou a cavar, naquela zona, nos anos 20/30 do século passado, algumas moitas de carvalhos para tornar as terras aptas a serem aproveitadas para cereais.
Não me espanta portanto, que, à data da morte do tal João dos Namoros, de certeza muito anterior ao século XX, ali existissem muitos lobos e o tivessem devorado.
Já meu avô, Ti Francisco Pernil, me dizia, há cerca de 60 anos, que alguns caminhos tinham cancelas à entrada da povoação, para impedir os lobos de entrar para não matarem os animais domésticos. A propósito da tais caminhos, o que vai das Eiras/Calvário para a Fonte da Cal, tinha uma pedras altas em granito com buracos, onde, segundo me dizia o meu avô, eram ali fixadas as tais cancelas.

É visivel o nome PEREIRA
Pode verificar-se a data do óbito
Relativamente ao cruzeiro do José Pereira, só foi ali implantado em 1903, data da sua morte. Portanto, muito posterior ao do João dos Namoros, sendo certo que nem sequer há coincidência dos nomes. Notemos que tal cruzeiro tem uma inscrição ainda hoje visível, com o nome do José Pereira. Segundo me dizia a minha avó paterna, Isabel, o Zé Pereira teria aparecido morto no caminho que vai para as Teixogueiras / Murganheira, a 100 ou 200 metros do local onde foi posto o cruzeiro, mais propriamente, entre o cruzeiro e a presa das Teixogueiras que está junto ao caminho. Em 1903, já a minha avó tinha um filho, o Ti Zé Moliço e, portanto, lembrava-se bem de tudo.
Os cruzeiros eram sempre colocados nos cruzamentos e daí este não ter sido posto no local onde o homem apareceu morto.
Se verificarmos bem, todos os cruzeiros do Soito estão implantados em entroncamentos ou cruzamentos de caminhos, com a finalidade de todos os passantes rezarem pelo falecido ou pelas almas do Purgatório. Nem todos os cruzeiros são erigidos em memória de um morto no local. Alguns são apenas evocativos da piedade popular, como por exemplo, o que se encontra no cruzamento do Espadanal com o caminho que vai do Melrizo para a Nave, e que ali foi erigido pelo ti Balé Coxo lembrando as almas do Purgatório.
Existem, que eu saiba, três cruzeiros em locais ou próximo de locais onde morreram pessoas: o do João dos Namoros, o do Zé Pereira e o da francesa. O desta situa-se na Marzoba, a caminho de Alfaiates, hoje estrada, e foi erigido ali por ter sido morta uma francesa que acompanhava o exército francês, o que motivou que, em retaliação, os franceses se tivessem vingado em moradores soitenses. Isto por volta de 1812.   

Davide Antunes Vaz

4 comentários:

  1. Ao Davide do "ti Manel Pechi", sobejamente conhecido no Soito, aplica-se-lhe, com propriedade o ditado"Quem sai aos seus não degenera", pois ainda é de uma geração em que os filhos viam nos pais os melhores exemplos a seguir, contrastando com a carencia de valores que se faz sentir nos tempos que correm.
    Mas o Davide tem uma particularidade rara no relacionamento com os seus conterrâneos e contemporâneos, utilizando termos e frases na linguagem dos nossos antepassados, no respeito pelo passado das gerações que nos precederam.
    Alem disso é portador de histórias usos e costumes que se estão a perder, entre eles as suas origens e razão de ser, como é o caso da história do lugar "castanheiros do João de Namoro"
    Força Davide!Tens um espaço previlegiado, para"por em letra de forma"esse teu vasto reportório oral que ao longo do tempo armazenaste e mantens vivo na tua prodigiosa memória ZÈ MORGADO

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  2. Olá!!! As tropas francesas entraram no Soito no dia 30 de Agosto de 1810 onde fizeram algumas mortes e depois do combate do Gravato voltaram a passar e mataram mais uns tantos soitenses,sendo que o último foi no dia 8 de Abril de 1811 elevando para 17 o número total de mortos diretamente,já que há muitos que morreram contagiados pela "malina" que as tropas trouxeram:Um abraço e parabéns pelo bom trabalho. TiCarlos

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  3. Além destes cruzeiros há ainda muitos mais,entre eles um na estrada de Alfaiates e que antes se encontrava mais para noroeste no caminho existente antes de ser feita esta estrada. Chamado "O Cruzeiro do ti Dora" porque ali foi assassinado no dia 3 de Maio de 1888 às cinco da tarde, pelos de Alfaiates, aquando das disputas pela posse dos terrenos fronteiriços às freguesias e que tanto sangue fez correr. Havia outro no Carriçal onde foi morto um cidadão de Alfaiates!!!

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  4. Sobre a questão dos Vilares entre Soito e Alfaites, transcrevo o que diz Joaquim Manuel Correia no livro “Por Terras de Riba-Côa”:

    “Foi objecto de litígio o limite do Souto e Alfaiates no sítio denominado Vilares.
    Antes da Junta de Paróquia desta freguesia intentar uma acção contra a Junta da outra Paróquia e alguns particulares do Souto, tinha havido muitas desordens entre as duas povoações, cujas consequências foram trágicas, pois que tão irritados estavam os ânimos que foram cometidos excessos de parte a parte, sendo instaurados processos por crimes, respondendo alguns indivíduos.
    Convencidos de que por aquele meio, pela violência e perseguição, mal poderiam conseguir os seus intentos, foi posta uma acção em juízo, que nunca chegou a ser julgada. Foi advogado dos autores o falecido e distinto causídico Dr. José Aureliano de Matos, a esse tempo residente na Guarda e dos réus quem escreveu estas linhas. Era escrivão o falecido Francisco de Almeida Carvalho. A questão parou por falta de preparo.
    Os Vilares eram compostos de vastos e excelentes terrenos, quase todos incultos. Os de Alfaiates começaram arroteando e os do Souto seguiram-lhes o exemplo. Aquela imensa charneca foi rapidamente transformada pelas duas povoações e como ambas considerassem sua uma grande parte dessa extensa área de terreno, foi esta disputada palmo a palmo, donde resultou cada uma defender-se de modo que ali correu muito sangue.
    Nem os processos crimes instaurados, nem a acção que foi intentada resolveram a questão, ou puseram termo às ambições dos dois contendores, pelos motivos que expusemos. O certo é que o terreno está arroteado e de posse dele estão muitos vizinhos, apesar de estar paralisada, e para sempre, cremos, aquela acção. E, o que é mais curioso, não houve mais desordens e nos terrenos questionados colhem-se belos frutos, muito centeio e trigo e grande porção de batata.
    - Todos os terrenos de Vilares pertencem hoje a pessoas do Souto, por sucessivas aquisições”

    O livro de Joaquim Manuel Correia, segundo se diz no próprio livro, está feito com base em elementos recolhidos entre os anos 1884 e 1904.
    Joaquim Manuel Correia, que diz ter sido o advogado do Soito, advogou no Sabugal entre 1889 e 1904.
    Portanto, o processo cível, patrocinado por Joaquim Manuel Correia, situa-se entre 1889 e 1904, enquanto ele advogou no Sabugal. Os processos crime, serão entre 1884 e 1904.
    Era muito interessante conseguir localizar esses processos e poder consultá-los para tirar elementos históricos que já ninguém conhece.
    O Ti Carlos do Soito é a pessoa mais indicada.

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